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A mostrar mensagens de maio, 2015

Meet the Danes

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They decided to go out at dawn to catch a Dane. “It’s best to catch them early, while they are still fresh”, said Donut. (...) “Everyone talks about them: the Danes, the Danes... but no one’s seen an actual Dane.” No conto deliciosamente irónico de Eugen Kluev, três crianças filhas de imigrantes no bairro de Nørrebrø decidem apanhar um dinamarquês, desses que viviam num país extinto chamado Dinamarca, no tempo dos vikings. Fui a Nørrebrø, que se estende a Oeste dos lagos de Copenhaga, com os mesmos prédios graves de tijolo vermelho, largas janelas e movimentadas ciclovias. Aqui as espantosas lojas de design nórdico são substituídas pelos restaurantes Thai e talhos Halal, mostrando a diversidade cultural e racial desta zona da cidade. A igreja católica de Sakrament é frequentada por famílias filipinas; mais acima, Superkilen é um longo espaço urbano pedestre renovado com referências aos vários povos imigrantes: chão vermelho, pilaretes pintados com as cores da Nigéria, fontes marro...

Roskilde e os reis mortos

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“Shh! Shh! Venha!” A voz chamava entre as colunas brancas e vermelhas do deambulatório da Catedral de Roskilde, ainda mal acabavam de soar os últimos acordes do órgão. O serviço religioso da Reverenda Ulla acabara de terminar, a magra congregação mal ocupava uma dúzia de bancos, na luz coada da tarde que enchia o vasto templo. De traços simples, apenas interrompidos pelo púlpito de alabastro trabalhado e pelos túmulos monumentais dos reis da Dinamarca, aqui estão mil anos de história. A voz insistente pertencia a uma mulher de gabardine e lenço, curvada mas de olhar vivo, seguramente octogenária, e chamava-me para uma pequena refeição que a congregação preparara no edifício anexo. Lá dentro, a pastora, agora sem as rígidas vestes clericais luteranas, loira e radiante, recebia o seu improvisado rebanho, um misto de famílias de língua inglesa, velhos pensionistas, refugiados negros e turistas desprevenidos como eu. Roskilde, antiga sede da monarquia, tem hoje o aspecto de uma letárg...

Algo não está podre no Reino da Dinamarca

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" Something is rotten in the state of Denmark " - segundo Shakespeare, um reino mergulhado na corrupção política e moral. Talvez hoje Hamlet não pensasse o mesmo deste pacato país do norte, um paraíso social, uma monarquia moderna com uma democracia madura, um sistema educativo e de saúde exemplar e gratuito, onde as cidades estão cheias de parques bem cuidados, as bicicletas têm primazia sobre os carros e a cultura está em cada esquina. Charlottenlund é o bairro onde fico em Copenhaga. Na verdade, fica num município a norte da cidade, uma zona residencial que cresceu à volta do pequeno palacete de Charlottenlund, de moradias "posh" e jardins bem cuidados. Depois das 6 da tarde não há vivalma, através das grandes vidraças vêm-se famílias dinamarquesas a jantar à luz dourada do sol poente. Cheguei na primavera fria do norte, e ao longo das semanas vi-o transformar-se: primeiro a vegetação a ganhar um verde mais brilhante, depois o espectáculo das cerejeiras japones...