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Da Cerdeira vê-se o mundo

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25 de Março de 2018 A estrada fecha-se num túnel serpenteante, onde só se adivinha um tecto arbóreo e sobem rolos de vapor à frente dos faróis do carro. - Cuidado, pode haver javalis. Não havia, mas quase à meia-noite uma fila de caminhantes em mochilas enroladas de impermeáveis surge nas sombras da berma, como espectros coloridos. Conheço a aldeia, lembro-me dela alcandorada numa encosta verde e íngreme, com um riacho frio no fundo, um sítio onde não se construiria nenhuma aldeia, achava eu, e de estarmos sentados como gatos num muro de xisto já sem telhado numa tarde morna de Verão, eu tinha 20 anos e tanto tempo. Já dorme a aldeia, menos o riacho que vem cheio das chuvas de Março, as ripas de xisto do chão brilham húmidas na luz mortiça. Encontro a chave no vaso, como me disseram, e a casa é lá em baixo, uma avenida de pedra em formato aldeia, inclinada e retorcida. Kerstin surge do nada para me dar as boas-vindas e a aldeia torna-se subitamente humana, hospitaleira. Estou na ...