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A mostrar mensagens de agosto, 2018

Se Zimbra quiser...

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Sesimbra, 10 de Agosto 2018 Pedro, meu querido amigo, Diz-se por aí que as virtudes da amizade são confirmadas nos tempos difíceis. Não poderá, contudo, ser menos real que um motivo fácil como viajar, percorrer o mundo e escolhê-lo como morada de endereço único, consiga por si, desenganar quem o assume como verdade absoluta. As cartas que trocamos ensinam-nos isso também... que a visão de dois Homens, em locais distintos, tocando-se eventualmente na partilha da atmosfera, dos acidentes geográficos ou da luz do sol, podem efetivamente gozar de uma perspetiva comum e de um sentimento unânime de amizade, de paixão pela viagem, pela escrita e pelo maravilhoso globo que reconhecemos como “a nossa Terra”. Se Zimbra cá estivesse havia de concordar... ...que não poderia ter sido melhor escolhido, o lugar para eu iniciar estes encontros de letras soltas e conjugadas que, estou certo, atingir-te-ão sem cerimónia ou pudor, com maior ou menor eruditismo, com exagero bucólico ou...

Ilhas do Chocolate

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21 de Julho de 2018 Caro Miguel, Tem um pouco de paciência e acompanha-me nestas letras, que tentarão levar-te a viajar a um local que talvez não esperes mas que, acredita-me, valeria todas as esperas. Perdoa-me o estilo pobre ou o desalinhavo das frases para te mostrar o que há para ser mostrado, pela lente dos meus olhos. Vamos a isto. Um desconfortável voo nocturno da STP Airways deixa-nos, ainda zonzos, na luz mortiça das 7 da manhã na pista do aeroporto. A menina do transfer, de ar profissional, enrola deliciosamente os rr, e cá vamos nós pela marginal esburacada a caminho da cidade. Uma praia vazia e estreita, um pontão que dá acesso a um clube de veraneio sobre o mar, um ou outro hotel escondido, e depois uma sucessão de pequenas vivendas gémeas, com a sua arcada na entrada ao melhor estilo do Portugal anos 60 - algumas com reluzentes placas empresariais, outras fechadas e abandonadas. Ao chegar ao centro, virados para a baía arredondada e suave, os edifícios coloniais dos...

Viajantes epistolares

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Perdeu-se, na era da vertigem digital, a arte de escrever cartas. Quando era pequeno, lembro-me ainda das cartas em papel de linhas e caligrafia alinhada, para a avó e as tias da Beira Alta, meio contrariado em tardes de Verão e de tédio, depois das cartas da adolescências, aos amigos distantes ou não tanto, e dos postais e bilhetes de viagens cheios de novidades e saudades. Neste blogue de viagens retoma-se hoje essa antiga tradição epistolar, morta ou moribunda pelos e-mails e sms e whatsapps de abreviaturas ilegíveis. Não com a pretensão dos grandes mestres, quais Eça e Ortigão a trocarem farpas ou em cavalgadas loucas pela estrada de Sintra, que não temos nem o talento nem a lata. Será apenas um ensaio de cartas digitais, trocadas entre dois pontos do mundo e com os pontos de vista respectivos. O meu interlocutor é o Miguel Meira e Cruz, cientista com laivos de escritor, ou pelo menos acentuada queda para as letras, que aqui vai partilhar os próximos posts deste blogue. Bem-vin...