Tibães: a Mãe dos Beneditinos
Mire de Tibães, 26 de Julho de 2014
O Minho repousa morno, indolente, num sábado de Julho, estendendo-se na sua manta de pequenos retalhos verdes. Braga ficou para trás, a estrada serpenteia entre quintais cuidados, capelas, latadas, ruelas empredradas, o Cávado esconde-se por perto, manso e surpreendentemente largo. Não abundam as placas - faço a estrada duas vezes nos dois sentidos, duvidoso de estar no caminho certo. Finalmente, Mire de Tibães, uma calçada a subir e abre-se um largo presidido por um cruzeiro enorme, parecendo anunciar que "aqui termina o mundo dos homens e começa o mundo de Deus".
Desengane-se, no entanto, o viajante, se pensar que vai entrar num espaço de pobreza beneditina, próprio para o recolhimento espiritual. Eis a antiga Casa-Mãe da Ordem de São Bento, que nos séculos XVII e XVIII atingiu o seu auge e que hoje ainda conserva muito do esplendor barroco desse tempo. Já referido nos anos 1000, a abadia românica foi mais tarde derrubada para dar origem ao edifício actual, inicialmente maneirista, de rubusta abódada de cantaria, e depois tornando-se uma das maiores obras do barroco mundial. O retábulo principal custou à época a exorbitante quantia de 8 contos e é capaz de impressionar os mais cépticos da talha dourada. A luz coada, na nave deserta, parece dar movimento às extraordinárias formas douradas, como se as sanefas ondulassem e os anjinhos e os santos se movessem nas suas peanhas.
A casa, nos seus claustros de azulejos, longos corredores de tábua corrida e tectos de caixotão, na luxuosa sala do capítulo, nos janelões joaninos abertos sobre a quinta, lembra mais uma residência senhorial que uma pobre comunidade de frades. Lá fora estendem-se milharais, sobe-se um antigo escadório de fontes, miniatura do Bom Jesus de Braga, descobre-se um lago artificial numa frondosa mata exótica. E, no entanto, o silêncio é monacal, a natureza franciscana, a luz suave convida ao recolhimento.
Como nos antigos mosteiros, há de novo uma hospedaria em Tibães, de confortos adequados ao nosso século. Para a experiência ser completa.
http://www.mosteirodetibaes.org/default.aspx
O Minho repousa morno, indolente, num sábado de Julho, estendendo-se na sua manta de pequenos retalhos verdes. Braga ficou para trás, a estrada serpenteia entre quintais cuidados, capelas, latadas, ruelas empredradas, o Cávado esconde-se por perto, manso e surpreendentemente largo. Não abundam as placas - faço a estrada duas vezes nos dois sentidos, duvidoso de estar no caminho certo. Finalmente, Mire de Tibães, uma calçada a subir e abre-se um largo presidido por um cruzeiro enorme, parecendo anunciar que "aqui termina o mundo dos homens e começa o mundo de Deus".
Desengane-se, no entanto, o viajante, se pensar que vai entrar num espaço de pobreza beneditina, próprio para o recolhimento espiritual. Eis a antiga Casa-Mãe da Ordem de São Bento, que nos séculos XVII e XVIII atingiu o seu auge e que hoje ainda conserva muito do esplendor barroco desse tempo. Já referido nos anos 1000, a abadia românica foi mais tarde derrubada para dar origem ao edifício actual, inicialmente maneirista, de rubusta abódada de cantaria, e depois tornando-se uma das maiores obras do barroco mundial. O retábulo principal custou à época a exorbitante quantia de 8 contos e é capaz de impressionar os mais cépticos da talha dourada. A luz coada, na nave deserta, parece dar movimento às extraordinárias formas douradas, como se as sanefas ondulassem e os anjinhos e os santos se movessem nas suas peanhas.
A casa, nos seus claustros de azulejos, longos corredores de tábua corrida e tectos de caixotão, na luxuosa sala do capítulo, nos janelões joaninos abertos sobre a quinta, lembra mais uma residência senhorial que uma pobre comunidade de frades. Lá fora estendem-se milharais, sobe-se um antigo escadório de fontes, miniatura do Bom Jesus de Braga, descobre-se um lago artificial numa frondosa mata exótica. E, no entanto, o silêncio é monacal, a natureza franciscana, a luz suave convida ao recolhimento.
Como nos antigos mosteiros, há de novo uma hospedaria em Tibães, de confortos adequados ao nosso século. Para a experiência ser completa.
http://www.mosteirodetibaes.org/default.aspx
Comentários
Enviar um comentário