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A mostrar mensagens de setembro, 2013

Viagem ao Império do Meio: epílogo

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Dia 17 - 19 Agosto A caminho do aeroporto de Pudong para embarcar no voo nocturno para Frankfurt, saio da China pelo futuro, no fabuloso comboio Maglev, que levita sobre a linha num campo magnético, atingindo os 430 km/h. Ao longo destes dias vi várias Chinas, desde a China imperial, cheia de rituais e pompa, nos imensos pavilhões da Cidade Proibida; a China antiga, poderosa civilização que construía muralhas de mil quilómetros e enterrava enormes exércitos de terracota para defender o outro mundo, em Xi'an; a China tradicional, dos Hutongs de Pequim aos pátios de Xi'an, da caligrafia, do Tai Chi, dos papagaios de papel e da cozinha riquíssima; a China natural, de paisagens clássicas, montanhas brumosas, jardins do paraíso, pavilhões reflectidos nos lagos; a China de Mao, cinzenta, na imensa praça Tian'anmen, nos vestígios infelizes da Revolução Cultural; a China capitalista, vertiginosa, nos arranha-céus de Pudong, nos centros comerciais apinhados e c...

Despedidas em Xangai

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Dia 16 -18 Agosto Manhã em Yuyuan Gardens, simpático jardim fechado da época Ming, labirinto de passagens, pavilhões, antigos Gingko-bilobas, dragões esculpidos e lagos de peixes vermelhos. Cá fora há um ruidoso bazar, com telhados esculpidos retocados para o turista e todo o género de comércio e souvenirs da China, desde os milionésimos guerreiros de terracota aos leques feitos em série e artefactos em jade e cloisonné. É preciso ignorar os vendedores de rolex que nos perseguem, fugindo para uma ruela onde ardem incensos e sorriem budas de todos os tamanhos: é um pequeno templo de monjas budistas. Esta é a zona velha da cidade,  muito mais chinesa que ocidental, mais tradicional e caótica. Daqui sigo de metro para People's Square, bem diferente da inóspita Tian'anmen de Pequim. Há um parque muito agradável onde se pode fugir ao calor, muita gente passeia ou joga às cartas. Numa zona sombreada parece acontecer um festival ou ajuntamento espontâneo de...

Da Concessão Francesa ao Bund

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Dia 15 - 17 Agosto Podia ter mudado de país ou de continente, de tal forma mudou a paisagem. A noite foi retemperadora, num 16º andar de onde se vêem os arranha-céus de People's Square e bairros antigos de 2 andares a lembrar vilas operárias. Está quente, mas não já os terríveis 40 graus noticiados no jornal, o céu azul, que aqui é raro. Ao pequeno-almoço reencontramos companheiros de viagem da Grande Muralha: Stuart, escocês de Durham, e Ryan, chinês de Hong Kong, ambos professores de inglês nessa cidade. Rumamos ao bairro da Concessão Francesa, a oeste, onde persiste um ar colonial, europeu, nas suas ruas de casas baixas sombreadas por plátanos, cafés, boutiques, galerias. Nos tempos da louca Xangai dos séculos XIX e XX, aqui havia verdadeiros enclaves ocidentais, as concessões, onde crescia a finança, negociava-se em ópio, sedas, chá, ao lado da decadência e da miséria dos bairros chineses, dos prostíbulos e das casas de ópio. A concessão francesa mantém u...

Madrugada nas nuvens

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Dia 14 - 16 Agosto A noite foi quase em claro, passada em condições de desconforto para lá do razoável,  numa cama de dormitório paga a peso de ouro. É um alívio quando chegam as 4 da manhã,  hora de levantar. Cá fora é noite escura, está amena e estrelada (porque raio não peguei no saco-cama e vim dormir para a rua?). Sente-se já movimento,  gente enrolada em capas, lanternas, como se algo estivesse para acontecer. A caminhada até Bright Top não é longa, meia hora de degraus, alguns respiram ofegantes. No alto, junto da estação meteorológica, vão-se juntando sombras e pequenas luzes frontais, enquanto se adivinha já para nascente uma ideia de luz rosada, muito ténue. Chega mais gente, a luz cresce, extende-se numa longa faixa, vão subindo nuvens em farrapos coloridos, todos se apertam numa estreita amurada para não perder o espectáculo. O sol não surge claro, mas entre as nuvens cor de laranja há um risco vertical de luz, que mergulha no leito de bru...

O Monte Amarelo

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Dia 13 -15 Agosto Huangshan é um dos maciços montanhosos mais famosos da China, eternamente envolto em brumas e inspirador da pintura e da poesia chinesas. É uma maravilha natural classificada pela Unesco e um dos Geoparques do mundo, devido às suas formações rochosas graníticas e invulgares efeitos da erosão. Chove 200 dias por ano e os nascer-do-sol com os picos sobre um mar de nuvens são lendários. O pequeno-almoço chinês está incluído no preço do Pine Ridge Lodge: chá preto, leite de soja, pãezinhos chineses de massa branca e arroz cozido aguado. Pelo sim, pelo não, vêm também umas tostas com doce. Wayne embrulha-nos também uma das baguetes com queijo que importa de Xangai (a farinha vem de França), porque sanduíches na China são como esquimós na praia. A preços módicos. A entrada no Parque, é claro, paga-se, e bem. Soma-se o teleférico e aí vamos nós pelos ares em direcção aos cumes graníticos. Pela entrada sul acede-se de autocarro ao Mercy Light Temple , ...

Viagem ao Huangshan

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Dia 12 - 14 Agosto Táxi matinal até à West Bus Station de Hangzhou, onde chegamos um pouco em cima da hora. Tudo é mais fácil na China quando se leva um papel com o que queremos escrito em chinês. Não há dúvidas e embarcamos no das 9.50 para Tangkou, no Huangshan, o monte amarelo, uma viagem de 3 horas e meia por auto-estradas bem cuidadas e com invulgar espaço para as pernas. Sucedem-se as colinas ondulantes com plantações de chá e matas de bambu, depois montanhas mais abruptas e rios profundos, até Tangkou,  pequeno amontoado de hotéis e restaurantes de baixa categoria, letreiros coloridos e traseiras decrépitas, no sopé do Huangshan. O Pine Ridge Lodge fica mesmo junto à entrada do Parque Nacional, no sopé da encosta, com os quartos simples numa "cottage" anexa a abrirem para uma mata fresca. Wayne Tong, o anfitrião, é chinês mas viveu na Califórnia desde criança, como transparece logo no sotaque e na cordialidade americana. Move-se com a familiarida...