Despedidas em Xangai

Dia 16 -18 Agosto

Manhã em Yuyuan Gardens, simpático jardim fechado da época Ming, labirinto de passagens, pavilhões, antigos Gingko-bilobas, dragões esculpidos e lagos de peixes vermelhos. Cá fora há um ruidoso bazar, com telhados esculpidos retocados para o turista e todo o género de comércio e souvenirs da China, desde os milionésimos guerreiros de terracota aos leques feitos em série e artefactos em jade e cloisonné. É preciso ignorar os vendedores de rolex que nos perseguem, fugindo para uma ruela onde ardem incensos e sorriem budas de todos os tamanhos: é um pequeno templo de monjas budistas. Esta é a zona velha da cidade,  muito mais chinesa que ocidental, mais tradicional e caótica.


Daqui sigo de metro para People's Square, bem diferente da inóspita Tian'anmen de Pequim. Há um parque muito agradável onde se pode fugir ao calor, muita gente passeia ou joga às cartas. Numa zona sombreada parece acontecer um festival ou ajuntamento espontâneo de locais: longas filas de guarda-chuvas pousados no chão, com cartazes pendurados, outros alinhados com molas, bancas onde casais de meia idade tomam notas, parece um convívio de vizinhas de bairro ou uma quermesse de paróquia. Percebemos que nos cartazes em chinês há datas de nascimento, alturas, por vezes retratos anexos. Um turista chinês esclarece-nos as duvidas: é uma "feira de casamentos" - os pais, cansados de terem os seus filhos solteiros promovem-nos em busca de noivos/noivas. Não me pareceu que qualquer dos interessados estivesse presente, talvez nem tenha parte activa no processo, seguindo-se a milenar tradição chinesa dos casamentos arranjados...















O almoço é em Huanghe Rd., uma rua de comida para vários gostos, mas onde se comem os genuínos dumplings de Xangai, cozidos ao vapor em caixas de bambu e recheados de carne suculenta, que acompanhamos com rolinhos de vegetais e camarão vietnamitas e sumo da excelente melancia chinesa.

Já não chegamos a tempo de visitar o Museu de Xangai, de entrada livre mas com limite de visitantes, que fica do outro lado da praça. Aqui há um ar mais oficial, edifícios governamentais, museus, salas de concertos, canteiros impecáveis, mas brincam crianças e um homem de meia-idade lança papagaios.

No fim da tarde deixamos escoar o tempo a ver passar os transeuntes numa esplanada em Xitiandi, outro bairro de casas tradicionais em tijolo cinzento, totalmente reabilitado - e hipervalorizado nas suas lojas de design, caxemiras e ferraris à porta.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Os jardins florentinos

Pequim: primeiras impressões

A Sereníssima