Morning run in Chicago

Windy city faz jus ao cognome quando sopra um vento cortante, glacial, que torna a percepção da temperatura vários graus abaixo da que os termómetros marcam. Amanheceu cinzento mas seco, e os arranha-céus não mergulham nas nuvens como ontem.

Apresso-me para o pequeno-almoço no Tempo Café,  um colorido "diner" onde os locais comem a todas as horas do dia e o serviço é familiar, com o solícito empregado a encher-nos logo a caneca de café,  as vezes que for preciso. O local está cheio e animado, entre famílias na ressaca do Halloween e engravatados apressados entretidos com o Sun Times. As eggwhite french toasts acordam um morto, mesmo o que era preciso para enfrentar o frio das 8 da manhã e correr até Lincoln Park, uma enorme tira verde que se estende a norte do centro, ao longo do lago.

A praia tem o aspecto invernal, tristonho, de todas as praias fora de época, como actrizes decadentes. Recomecei a correr em Chicago. O vento na cara acorda-me, as sensações são agora mais agudas, como pequenas agulhas que percorrem o corpo entorpecido, o atrito torna-se menos perceptível. Já fazia falta!
Ao virar-me, a silhueta da cidade impõe-se sobre North Beach, coroada pela torre negra do Hancock Center, um postal de Chicago sobre o Lago Michigan, a acompanhar os meus passos na gravilha.

O caminho passa pelo Zoo da cidade, gratuito, onde os leões se esconderam, um lince vigia no alto de uma rocha artificial, e urso polar olha, pesado e depressivo, o pequeno lago onde já mergulhou mil vezes. De regresso forço-me a parar, o corpo intoxicado pela velocidade há meses adiada, como se fosse necessário correr as 18 milhas e meia do Lakefront Trail, mas ainda nao é tempo e a cidade espera.




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