Krakow

9 de Agosto

Se estivermos no meio da praça em Rynek Glówny, na cidade velha de Cracóvia, à hora certa, depois do soar dos sinos da Basílica de Santa Maria ouviremos uma peculiar melodia de clarim, como um toque militar. Seguiremos os olhares de muitas cabeças levantadas até encontrar o trombeteiro bem no alto da torre da Basílica. A melodia interrompe-se subitamente a meio do compasso, e o trombeteiro acena à multidão. Aparentemente, o “Hejnal” é tocado assim desde a Idade Média; durante as invasões tártaras, o vigia soou o alarme mas foi trespassado por uma flecha inimiga antes de terminar a frase.

A praça é vasta, como um quadrado romano de 200 metros de lado, com o seu mercado gótico ao centro e os prédios de fachadas neoclássicas. Será hoje difícil imaginar que o Reich quis fazê-la símbolo das “antigas cidades alemãs” e mudou-lhe o nome para Adolf Hitler-Platz.



Em Wawel, a colina real, repousa a velha essência do Estado Polaco, sobrevivendo às invasões e martírios. A sua catedral reflecte bem esta história acidentada, uma amálgama gótica e barroca, anexada de capelas de vários formatos com as suas cúpulas variadas. Na cripta estão os heróis, com uma adição recente – o túmulo de Lech Kaczynski, o presidente morto no estranho acidente aéreo de Smolensk, em 2010, juntamente com parte das maiores autoridades nacionais.




Descemos a Kazimierz, o antigo bairro judeu, que hoje se reinventou e se anima nos seus restaurantes e bares, galerias e livrarias, por entre as sinagogas que regressam à vida. Visitamos o Museu Judaico de Galicia, que aborda a longa história, tragédia e renascimento da presença e cultura judaicas na região, através de uma exposição fotográfica inovadora. Perto, o antigo cemitério judeu é um lugar de silêncio de tranquilidade, atrás dos seus muros. 

As cicatrizes do bairro parecem apagadas, quando jantamos no Hansa, um espaço israelita luminoso que serve “hummus e felicidade”. Que mais se pode querer?





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