Cidade Proibida
Dia 3 - 5 Agosto
Difícil de descrever em poucas palavras, tantos são os adjectivos, números, records, edifícios, muros, portões, pátios, pavilhões, passagens, telhados, e tantos animais mitológicos, tectos coloridos, cornijas douradas, painéis esmaltados, dragões esculpidos, telhas amarelas, tijolos de barro escuro, lages de cerâmica, cedros centenários, inscrições de longa vida ao Imperador e à Imperatriz, porcelanas, móveis, pinturas, tesouros, jóias, adornos e relógios de valor incalculável.
Difícil também desligarmo-nos das imagens magníficas de Bertolucci e do pequeno Pu Yi, coroado aos 3 anos no Salão da Harmonia Suprema ou a correr pelas longas alas da Cidade Proibida, com uma procissão de eunucos atrás. Em 1911, o imperador-criança, Filho do Céu e Senhor dos 10 Mil Anos passava a viver recluso na Cidade Proibida, enquanto lá fora Sun Yat-sen fundava a República da China...
Nas palavras da Lonely Planet, em eras passadas o custo de entrar sem autorização na Cidade Proibida era a execução imediata; actualmente, bastam 60 Yuan. E muitos milhares de chineses aqui se deslocam a ver o verdadeiro centro nevrálgico da China, construído há 7 séculos e morada de 24 imperadores. As multidões cá fora quase fazem desistir o turista impreparado, sob o olhar seráfico de outro imperador moderno, o grande timoneiro Mao, cujo retrato guarda a imensa, inóspita, estalinista, praça Tian'anmen. Mas no interior, à medida que se sucedem as imensas esplanadas, escadarias e terraços, nem as multidões nos fazem perder a noção de grandeza e imponência imaginadas pelo Imperador Yongle, no século XIV.
Cá fora, na praça, é palpável a presença do Estado e do Partido, aqui mais do que em
qualquer outro lugar da China. No local onde se erguia a principal porta
da cidade, arrasada nos anos 70, está agora o monolítico mamarracho que
é o Mausoléu de Mao. Que diria este hoje do comunismo chinês que se
vive a algumas centenas de metros, na rua Wangfujing, verdadeira
catedral do consumo? O "grande salto em frente" da China parece hoje
passar apenas por aí, a julgar pelos gigantescos centros comerciais,
lojas de marca, alta tecnologia e demais maravilhas do capitalismo.
A
tarde terminou com outras experiências menos filosóficas mas mais
enervantes: tentar sem sucesso comprar um bilhete de autocarro numa estação longínqua, assediados por uma dúzia de vendedores do mercado negro, ser roubado
por um taxista que não falava uma palavra de inglês, vencidos pelo
cansaço, a fome, o calor e os pés doridos, chegando ao Hostel exaustos,
depois de percorrer infindáveis avenidas e vias rapidas que parecem
todas iguais. Nada que não se resolva com uma chávena de chá Oolong no
conforto do Peking Yard, o nosso Hutong-casa.
Deve ser uma experiência única, beber chá Oolong na terra onde é produzido! Que bom.
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