Xi'an
Dia 7 - 9 Agosto
O comboio nocturno chega à estação de Xi'an pouco antes das 9 horas da manhã. A praça, mesmo em frente às grandes muralhas da cidade, do lado norte, fornece outro banho de multidão e confusão de autocarros, vendedores, grupos de viajantes, táxis, operadores de turismo e gente aparentemente sem fazer nada. Entramos no grande rectângulo da zona antiga, cercada por 14 km de muralha impecavelmente cuidada, que de antigo tem muito pouco já: cortam-no largas avenidas rodeadas de hotéis, bancos, gigantescos centros comerciais. Nas traseiras, as ruas mais pequenas são sombreadas por copas de árvores mas têm os passeios sujos atulhados de pequenos comércios, motoretas, riquexós, gente que cozinha ou come animadamente.
O Hostel 7 Sages fica perto e constitui outro oasis no barulho infernal
de Xi'an: trata-se de uma antiga residência Ming, multiplicada numa
sucessão de pequenos pátios interiores comunicando por portas em forma
de lua cheia, que também já serviu de posto de comando dos Guardas
Vermelhos.
Depois de um longo pequeno-almoço à sombra de uma amoreira e de um duche recuperador, descemos até à antiga torre do Sino, no centro da cidade, e ao colorido bairro muçulmano, nas imediações. O ambiente tem todos os ingredientes de um souk marroquino e vêem-se mulheres chinesas de lenço a cobrir a cabeça e velhos com o Kufi islâmico, por entre as bancas de frutos secos, intermináveis chinesices e souvenirs, comida cozinhada na rua, lojas de chá, falsos jades e caxemiras e toda a profusão de produtos. No centro do bairro, escondida por velhos muros, está a grande mesquita de Xi'an, fundada no século 8º e ainda hoje um centro islâmico activo. Aqui mistura-se o desenho típico dos templos chineses com as necessidades islâmicas - virada para Meca, inclui num dos seus pátios um minarete disfarçado de pagode. É um local sossegado, a lembrar o refúgio dos pátios andaluzes, resguardados do ruído e do calor lá fora.
À tarde, depois de um duvidoso almoço de rua, tentamos regressar ao Ocidente por uma hora: Haagen-Daaz, junto da Torre do Sino! A experiência revela-se mais asiática, e por isso complexa, do que esperava. Um batalhão de empregaditas faz-nos esperar pela mesa com a cerimónia de um restaurante estrelado pela Michelin, excitadas famílias chinesas deliciam-se com cascatas de gelado e chocolate, a carta complica-se, finalmente servem-me uma obra-prima japonesa e os Yuans correm (a mais cara refeição até ao momento).
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