Pequim: primeiras impressões

Dia 1 - 3 Agosto

Passa das 13 quando chego à cidade de Pequim, através do metro muito funcional e organizado. O Peking Yard Hostel fica num Hutong, uma das tradicionais vielas residenciais da cidade, atrás de uma entrada discreta apenas sinalizada pela placa e a frase "rode e empurre". O interior é imediatamente acolhedor: entramos numa sala luxuriante, com um ar colonial, de grandes ventoinhas no tecto, vasos floridos e sofás escuros e fundos à volta de grandes mesas de madeira. O inglês dos empregados é muito acima da média na China, e esforçadamente simpático
Almoço ligeiro num pátio de outro hutong, o Irresistible Cafe, muito calmo nesta hora quente da tarde e recatado do bairro animado à volta da rua pedonal Nanluogu Xian. Aqui são alguns dos hutongs mais pitorescos de Pequim, com lojas, oficinas, cafés, vendas de rua, artesanato, e muitos, muitos turistas chineses. Os moradores parecem indiferentes ao bulício, agachados à entrada das casas ou remendando câmaras de ar de bicicletas velhíssimas. Os riquexós proliferam e tentam angariar clientela.

Seguimos até à Torre do Tambor, alinhada com a sua vizinha Torre do Sino no eixo mais simbólico da cidade, a linha norte-sul, que é também o eixo principal da Cidade Proibida. Ambas as torres, velhas de séculos, mantêm imponência imperial, e ainda repetem os toques antigos, agora apenas para os turistas. No espaço entre as duas, a pacata praça da Cultura,  os locais vêm apanhar ar, jogar ou comer talhadas de melão. Duas crianças engraçam connosco e tentamos comunicar em inglês e chinês muito rudimentar, o que lhes causa grandes risadas. As crianças chinesas são muito patuscas, têm um ar doce e aproximam-se dos ocidentais com grande à-vontade. Um rapaz de 9 anos, junto a um dos templos do Palácio de Verão,  veio muito sério praticar o seu inglês connosco, para gáudio dos seus pais; outro puxou-me pela mochila na fila da Estação Central só para dizer um "hello" bem aspirado.

A tarde acaba no parque Jinshang, ou "Colina do Carvão", um oasis de tranquilidade no bulício da cidade. A colina foi criada com a terra retirada do fosso da Cidade Proibida, que jaz imediatamente a sul. Além de a proteger dos espíritos malignos vindos do Norte, constitui um fantástico observatório sobre a imensidão de telhados amarelos da cidade imperial. Uma neblina baça cai sobre Pequim, adensando o clima de mistério e o calor sufocante de Verão.

À noite, uns excelentes "dumplings" recomendados no hostel, fumegantes e perfumados, mas não fáceis de pedir às várias empregadas, entre risotas e ementas manchadas e de inglês duvidoso.

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