Hangzhou

Dia 10 - 12 Agosto

De manhã sigo bem cedo para o aeroporto de Xi'an,  atravessando prédios a perder de vista e o trânsito a despertar. O voo da Hainan Airlines para Hangzhou, a pouco mais de 100 km de Xangai,  leva menos de 2 horas, eficiente e tranquilo. O fértil delta do Yangtze, o maior rio da China, espraia-se em meandros e afluentes. Hangzhou é outra cidade enorme, como parecem ser todas na China, apesar de francamente desconhecida no Ocidente. Resolvi no entanto seguir os conselhos de outros viajantes e passar aqui duas noites para conhecer o seu famoso Lago Oeste.
 
Aterramos num moderníssimo aeroporto, a lembrar Munique, seguindo de autocarro para a cidade. O ar escalda, mas é leve e claro, os campos cultivados lembram jardins, atravessamos canais e um larguíssimo rio de águas barrentas, antes de entrar em avenidas de altos prédios e canteiros impecáveis. Chicago nos trópicos?

Um último táxi deixa-nos à porta do Mingtown Hostel, mesmo ao lado do lago. A rapariga da recepção, muito eficiente, atende-nos num inglês inegavelmente americano ("não cresci aqui", apressa-se a explicar). O Hostel tem quartos simpáticos e um restaurante-bar muito cool, ambiente europeu, revistas e jornais, selecção musical impecável. Depois do almoço, o lago ali mesmo, orlado de salgueiros que balouçam na brisa quente, um verdadeiro postal da paisagem chinesa clássica. Batalhões de jardineiros cuidam das suas margens impecáveis, barcos cobertos como pequenos pagodes flutuantes deslizam nas águas calmas, as colinas verdes são pontuadas por pequenos pavilhões de telhados arrebitados, pagodes, pérgolas, pontes de pedra e passagens que parecem levitar na superfície da água. Depois das ruidosas multidões em Pequim e Xi'an, é uma verdadeira lavagem dos olhos e da alma. Desço devagar pela margem a que chamam algo como "Os papa-figos cantando nos salgueiros", as cigarras em coro perfeitamente a tempo, tudo convida a deixar-se ficar, dolce fare niente.


 
À noite, jantar no Green Tea, perto de Hubin Road, que lembra uma marginal de estância de férias chique, sucedendo-se as boutiques, restaurantes das cadeias internacionais,  stands de carros de luxo e jovens chineses de aspecto trendy e penteados à modelo. Na China há excelentes restaurantes, o porco frito fatiado e as costeletas com molho acompanhadas com uma estranha geleia de pêssego estão suculentos. O que falta são, como direi, as maneiras ocidentais, que ditam que espetar a conta nos nossos narizes a meio do prato ou rapar ruidosamente os pratos na mesa ao lado não são as melhores formas de ganhar um cliente... 

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