As mil estelas
Dia 9 - 11 Agosto
Pequeno-almoço europeu à sombra da amoreira do pátio. Na calma da manhã, os viajantes dedicam-se quase todos a navegar no ciberespaço nos seus "smart gadgets", ainda que na China este seja bastante mais exíguo que em Portugal. Aqui os blogues e redes sociais são proibidas e o Partido mantém o olho aberto sobre os sites permitidos - não consegui aceder, por exemplo, aos jornais portugueses, esses antros de espionagem...
O sol escalda enquanto caminhamos pelas ruas interiores, mais sombreadas, até à muralha sul de Xi'an, contornando o enorme bloco blindado que é a sede do governo provincial. Em pequenas praças reunem-se os habitantes, de variadas idades, a jogar dominó e Majong com grande concentração.
O antigo templo de Confúcio data de há mil anos, quando a dinastia Tang presidia à glória da antiga Chang'an. No seu apogeu, a cidade muralhada tinha 7 vezes a sua dimensão actual, ainda assim grande, como o testemunham os 14 km de muralha e os meus pés doridos. Actualmente é um museu com o sugestivo nome "Floresta de Estelas". Nos vários edifícios bem conservados preservam-se mil estelas, grandes pedras onde foram inscritos tratados de Confúcio, poemas e outras grandes obras clássicas chinesas. Observamos a curiosa técnica de decalque sobre algumas destas estelas, utilizando papel de arroz finíssimo que é coberto de tinta negra, surgindo os caracteres brancos. A exposição de antigas estátuas budistas, quase todas dos séculos V e VI, podia fazer sombra a qualquer British Museum ou Louvre.
Adoro ver pintar e escrever! Ver então os calígrafos a exercerem a sua arte aí, no local onde faz todo o sentido, deve ter sido ainda mais especial. Que inveja (da boa!).
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